terça-feira, 2 de novembro de 2010

sobre amores cartesianos



sobre toda a razão que reside nas escolhas do dia a dia. até mesmo nos acasos.

sobre acidentes superestimados



um punhado de memórias acaba de despencar de sobre minha cabeça. como um trovão que se anuncia pelo raio de luz a moldura branca da parede branca bradou com atraso, ao se chocar com o chão. depois de um leve toque de minha mão. e como não ria há muito, gargalhei como fosse um personagem de Milan Kundera diante do patético dos pequenos gestos. isso não representa um acidente somente porque eu vi a poeira bailar por todo o espaço vazio do meu quarto. eu vi as memórias dançando sem chão, sem apoio pelo ar que circulava constante vindo de um aparelho no chão. e lá estão virados quatro cantos de um quadro sem face.

sábado, 14 de agosto de 2010

grey blue days


it's been tuff days. so long don't see you.

de lembranças ofuscadas às memórias que, pela minha tola mania, pedem para serem rimadas com a ausência de dedicatória, escrevo a você. dediquei.
.dedico.
ainda te escreverei com o mesmo tom e a mesma leveza dos meses que te fazem falta. do romantismo prometido às sessões de cinema escassas. dos passeios repetidos que, contigo, têm a mesma graça. das cartas reabertas sobre a mesa, escancaradas. tal qual meus tropeços.
.abdico.
dos meus tropeços.
.objeto.
os anos que fantasio à espera.
.abjeto.
sinônimo daquele adjetivo que tanto repito (e você sabe).

ânimo. você renova o meu.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ameniza'dor. que a vida não amenizou…

domingo, 11 de julho de 2010

está em minha caixa de e-mails enviados, também naquela dos estrelados. está em meus versos soltos sobre um papel pautado de um bloquinho importado. está também nos cantos de armário, nos presentes guardados. nas correspondências carinhosamente guardadas após ansiosamente esperadas. esteve em monitores abaulados, hoje portáteis e quadrados. está emoldurado e também em presentes enfeitados. mora em versos cantados, também em acordes doados. em rimas ricas ou mesmo nas já desgastadas. caminha pelo pensado, pelo impensado ou até mesmo pelo dispensado. vive em cantos de quarto arrumado ou armário bagunçado. vive na incontinência de dedos já aguçados, mas também em pensamentos desorientados. cintila em micro-telas quase-surpresa ou até em fundo-de-tela esperado. desesperado.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

incompleto5

Como quase tudo na minha vida até hoje estes são só mais uns dos tantos incompletos. Estes por escrito.

"muito obrigado.
muito obrigado por me proporcionar o asco a mim mesmo. foi a partir dele que pude te ver.
e refletir (n)a ojeriza que causa minha existência. a falta de motivos para esta que, sem razão, pare aquela.
quantos sinônimos mais devo encontrar para te traduzir o meu desprezo? a altivez com que encaro e desdenho tua vil baixeza(...)"

levantei tonto com aquela nuvem branca em frente à minha cara. e vi que não era toda alva. era a massa meio cinza meio branca que me consome paulatinamente. e mais uma vez experimentei a misantropia. é fechar os olhos, me calar e esperar. nem pensar eu quero porque torce meus miolos."

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ignorance is not a bliss

- Esse ônibus vai pro SBS ?
- Não, acho que fica bem longe pra voc..
(ônibus não espera)

Resignado e cabisbaixo retorna ao ponto.

- Desculpa. Ele ainda mal tinha parado. Nem esperou...
- Não, eles são mal educados...
- Ignorância!

.

Ignorância. Ignorância no sentido oposto ao da polidez? Ou ignorância, que determina o comportamento, a constituição intelectual do ignorante? Os dois simultaneamente.
Hoje vejo poucos casos para a ignorância ser tida como bênção. Na maioria dos casos ela reflete a falta de informação. em ambas as acepções que elucidei isso é bastante adequado. E a ignorância pode ser tida, na verdade, como um caminho para o conformismo pelo fato de se constituir e se expressar pelo desinteresse pela informação, por saber do porquê outro, por saber o que é necessário para si, inclusive. E para tanto, se mostra como o não-saber que afeta o outro. Não creio mais que é uma verdade absoluta o não-saber, que ele evita sofrimentos, que ele poda maus momentos. O esclarecimento vem sendo buscado há milênios, a busca por resposta há de ser eterna (enquanto durar). O que evita sofrimentos é o desinteresse. Porque evita na mesma proporção que castra a curiosidade. Curiosidade pelo outro, pelo desconforto que instiga a melhora, a superação. Não entendo como a ditadura do conformismo achou na minha geração bom lugar para se situar. Na verdade entendo. Pensar enlouquece, não é mesmo? E racionalizar é ocupação dos seres pensantes e os seres pensantes não vivem as noites de sexta. E aventuras, a experiência com o novo só é legítima ao passo que é levada, não racionalizada. Então, ignorar é uma ferramenta de auto-proteção. Então ser(-)ignorante é ser(-)vivente. Então o inconformismo é um estado. Breve como os momentos em que se deve dedicar ao pensamento, à preocupação com o outro. Não é mesmo?!
(cont...)

sexta-feira, 19 de março de 2010

é ultrajante sentir falta somente do que se afasta. e isso parece ser muito comum à natureza humana, por vezes egoísta. entendo a distância como a lei que regeu meus últimos dias. talvez meses. E quando mergulhei nas minhas preocupações, inseguranças e anseios me vi mais perto daqueles que queria longe. Mas desses eu não sentia falta, porque eram aqueles que eu julgava fracos e que não seria como eles. Sou composto por partes das (boas) pessoas que me cercam, e quando são os defeitos delas que me aparecem aos olhos, vejo que os encontro com muita facilidade em mim. Mas a culpa é minha.
Ao tentar me distrair com alguma campanha publicitária da Copa do Mundo do ano atual vejo que a atmosfera que essa peça pode passar me inebria tentando me convencer que os sorrisos podem brotar na minha cara e que meus problemas são menores quando juntos os homens estão. e felizes. por não saber bem quais eram e quais são meus objetivos muitas vezes me perdi nos caminhos que comecei até o presente momento. até mesmo quando escrevo o único objetivo é ver a linha correr solta sem que eu tenha necessidade de ver a palavra que ficou para trás. às vezes me pergunto se isso não é uma incapacidade minha, de lembrar de acontecimentos, conversas e atitudes com certa facilidade. confesso ser bem displiscente para alguns assuntos, mas ruim é quando uma dificuldade real é confundida como essa atitude "nem-aí". acho que isso não vai a lugar algum. esse texto não era pra ser um texto. nem um desabafo. nem sei para onde eu tô indo.
mas sinto falta. sinto falta de sentir prazer em fazer o que eu realmente gosto. de investir tempo, dinheiro, estudo e paixão no que eu realmente goso. de praticar o que quero e não deixar impedimentos que colocam em minha vida serem impedimentos para mim. não sei onde isso vai parar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

incompleto1

existem diversas maneiras de se começar um escrito. a metalinguística não é a minha preferida.
mas existe forma mais adequada de se avaliar que não escrevendo sobre si? é apenas criar uma personagem, enchê-las de pensamentos seus, dar-lhe uma vida frankesteiniana e fingir.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Iracema, Iracema. De José de Alencar. É a fundação do Ceará.
Era so o que minha cabeça conseguia processar durante o caminho até o pedaço de areia sobre a abóbada celeste na noite em que um ano toma o lugar do outro. Uma carona com um tio morador da cidade garantiu-nos a chegada ao menos perto de onde estariam mais 1 milhão de pessoas para assistir ao mesmo espetáculo que nós. Mas não da mesma forma, com a mesma percepção, mesma atenção ou objetivos. Eu nunca havia tido essa experiência assim como mãe, mas pai já esnobava. Éramos três sentados sobre a areia nada branca da praia em meio à multidão agoniada. E chegamos duas horas antes do marcado para o começo, para tanto nada melhor que um pouco d'água, um sorvete e uma longa conversa sobre percepção, comportamento, expectativas, relacionamento e História. O que se passava ali, bom ou não, compreensível ou prolixo, ocorria pela primeira vez em todos os aspectos. Era a primeira viagem ao Nordeste a que B não comparecia, era também a primeira vez que mãe se permitia conversar assuntos-tabu e era a primeira vez que eu fotografava as personagens cores em preto e branco, com a Praktica ISO 400 muita luz e muita esperança de dar certo. O resultado foi muita conversa boa, não tantas fotos quanto o esperado, acrofobia como já calculado, mas um sorriso no rosto por ver de perto aquilo que repudiava sem ter conhecimento. Seja por ignorância ou por ignorância. Foi um aprendizado de convívio com o dantes esquisito e um exercício de alteridade baseado no respeito e no convívio lado a lado, ainda que não houvesse concordância. Flores n'água, ritos (por vezes inconscientes), embriaguez (desnecessária), arruaça e tantos outros; fiz ressalvas por justamente discordar, mas tenho de aprender a tolerar, a respeitar. O que combato é o fato de se tornar algo mecânico, irracional e inconseqüente muitas vezes.
A trilla sonora era Explosions in te sky, por amiss óbvio, era isso que tocava em minha cabeça. E o roteiro literário era o velho livro sem nomes próprios. Eu me perguntava: imagina se depois de 16 min toda essa horda cegasse? Se depois de todo o espetáculo todos perdessem a visão? Já o são cegos por escolha, onde rumam à maré numa maré de gente que cumpre um ritual por vezes insincero para retornarem trôpegos aos seus lares e assim finalmente cerrarem os olhos. Já é uma cegueira por falta de esclarecimento, na maioria dos casos. Não em todo esse milhão de pessoas. Mas deve ser mais fácil apenas aceitar e cumprir do que entender antes de agir, certo? Agir conforme o que é tido por costume ao invés de se perguntar por quê. Fui lá para isso. Por que flores? Por que multidão? Por que agitação? Por que fogos? Por que revéillon?
Acho que no fim é tudo uma questão de ver beleza e de sentir prazer, por mais efêmero que seja. E no novo começo, tudo de novo no novo.