terça-feira, 6 de maio de 2014

tudo passa


mas você fala as coisas? perguntou-me a mina que pouco antes questionou-me se eu não vivia em uma realidade paralela. pensar que decerto a segunda pergunta feita por ela é uma questão chave sobre minha relação com os mais próximos. ela mesmo nunca esteve próxima de mim, nunca me foi íntima apesar de já ter se deitado ao meu lado. mas a pressão interna que existe por não achar que vão me acompanhar no raciocínio ou na vontade de solucionar um problema são fatores que tapam minha cabeça com uma mão, assim como os irmãos mais velhos fazem com os caçulas para deixar estes irritados diante de sua impotência frente alguém maior. choquei o carro de minha família contra o fiesta de um senhor de idade. nada sério aconteceu, já que estávamos contornando um balão congestionado e a baixa velocidade. no entanto o senhor insistiu que precisaria de meus contatos e que eu sugerisse uma oficina para avaliarmos o custo do desnecessário reparo. como sou traumatizado com acidentes automobilísticos por conta de um grande acidente em que me envolvi junto com meu pai uns três anos atrás, quaisquer circunstâncias que anunciem a iminência do choque ou mesmo um choque estúpido como o de hoje já são suficientes para me fazer tremer as mãos, palpitar o coração e recair o maior dos problemas que enfrento desde sempre: a culpa. voltei para casa com uma sensação de culpa que me guiava a pensamentos como "minha mãe vai surtar" mesmo sendo um estrago ínfimo (apesar de ter sido um choque, apenas houve dois arranhões que, juntos, têm o tamanho de uma tampa de caneta bic.
não me sinto parte de nenhum grupo. engraçada aquela frase de groucho marx que diz "eu não faria parte de nenhum grupo que me aceitasse como membro", mas é bem como me sinto. tragicomicamente solitário por conta própria, fazendo graça da própria (falta de) sorte.