quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

mais divagar

Kings of Convenience me deixa produtivo. Seja para me motivar a ler Ensaio Sobre a Cegueira de uma vez mas ainda assim sendo capaz de imaginar as cenas e as possibilidades ou para anotar os museus de meu roteiro vespertino dessa terça-feira. Já fiz light-paintings na varanda, já fiz retratos em Irauçuba, já fiz rafes de fotografias ligeiramente trabalhosas que pretendo fazer quando voltar para Brasília, já pensei em ler Heidegger, mas ele está sério demais para o sol que fez hoje. Nessa ilha de ar condicionado em que me encontro é quase impossível perceber o calor absurdamente convidativo que faz lá fora. Motivei meus pais a irmos à praia amanhã, mas ainda falta falarmos com uma das pessoas mais importantes dessa Fortaleza, minha tia Feliz. O coração maior do mundo que me recebeu em julho quando cá estive para o ENECOM. Ainda tenho os textos da Crítica Radical para ler e discutir com o Cuquinho, o grande Chiquinho. E aí Heidegger pode vir à calhar!
Mas hoje pensei bastante sobre como temos a seletividade de pessoas próximas a quem confidenciamos nossas idiossincrasias. Eu realmente me preocupo com essa questão ética e moral, embora os valores embutidos nos meus padrões possam não ser os mesmos para os que estão ao meu redor. O assunto de hoje com meu primo policial foi literatura e cinema e caímos em Fromm. Erich dizia que as amizades têm de ser poucas, embora profundas. Então o que me leva a pensar que realmente são poucos a quem devemos confidenciar nossos segredos pois "estes, sim, serão os senhores de vosso destino", como alguém disse e de quem não recordo o nome. Eu me pergunto: cometemos erros, mas temos a preocupação de crescer e evitá-los? Ou nossos erros serão medalha, peso para distinção de quem obteve mais experiências em vida? O que deve ser avaliado é quem errou, quem pecou mais ou quem conseguiu evoluir com o pouco de erros cometidos? Eu sou um pecador e sei que só existe uma pessoa que nessa Terra esteve que não poderia assumir o mesmo. Mas eu não busco cometer erros que afetem e/ou prejudiquem meus próximos. Se alguém tem de ser prejudicado com as minhas idiossincrasias, esse serei eu!
Estou longe de casa e acho que isso me faz repensar meu comportamento, minha percepção quando em terra conhecida e segura: o lar, ou o que eu considero como tal. Meu dia-a-dia aparentava ser mecânic, já que inúmeras vezes esqueci de carimbar os livros de Design renovados pela internet, quando na noite anterior eu me preparava psicologicamente para fazê-lo. Mas era pegar o 168 rumo à Academia que eu só pensava em seguir em frente e depois retornar. Mas às vezes eu era circular tal qual os 106.2 fazendo o mesmo trajeto mesmo que inconscientemente sabendo que tinha algo mais importante por fazer.
Acho que o que não devo fazer é fica aqui sentado divagando, mas talvez isso seja só um subterfúgio para a ausência que sinto de todos los hermanos que tengo, mas no los puedo contar. E se algum deles ler isso, tiver paciência para tentar concatenar de alguma forma essa miscelânea de pensamentos que tentei traduzir, vai ter valido de algo a posição desconfortável a que impus minha coluna. Nem que seja para me dizer "Enfim!", né, Kássia?
É isso, fiquem com Deus!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

essa sisudez tem de esmorecer.
seja diante de harmonias tortas, desenhos suaves ou questionamentos infindáveis.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

dv

O que começou com desconforto foi se acomodando como porta de entrada. Exatamente pela falta física desses recursos, a metáfora tem muito mais valor. A princípio eu não conseguia apreender os nomes das personagens por faltar algum elemento cênico que eu pudesse associar às personagens. Mas logo isso foi caindo pelo peso do roteiro e dos diálogos que, por meio de reviravoltas e intensificações tornavam adaptável a maneira de se contar a história e ambientá-la em “lugar algum”. O que vi em Dogville foi uma tremenda preparação de cada ator ao ponto de conseguir excluir de seus sentidos a necessidade construída de se ter paredes para isolar um acontecimento ou a vida particular. E fica fortemente evidente quando através de uma lente nada empolgada ou cheia de arrojos, um estupro ocorre dentro de uma casa. E lá deve permanecer mesmo que as paredes não impeçam os outros atores de vê-las. E é forçando os atores a se acostumarem com a quebra de uma das três paredes que Lars von Trier enriquece o filme.
Outra característica que força, agora em relação ao espectador, é a ausência de trilha sonora. Esse recurso audiovisual é extremamente importante por guiar quase que inconscientemente uma platéia e despertar nesta sensações premeditadas. E as sensações despertas em Dogville dependem muito do desenrolar da trama, da força dramática e de outros recursos em que se deposita mais valor para alcançar o âmago do espectador.
Amanhã vejo Manderlay! Me falta ainda Cidade das Mulheres, Manderlay. Desisti de Yellow Submarine, já vi Dogville, não gostei de Um Beijo Roubado. E gostei à beça de Apenas uma Vez.

domingo, 20 de dezembro de 2009

incompleto4

toc,toc,toc,toc,toc
(porta de correr abrindo)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

(Barulho agudo do sino de parada do ônibus)

“Não meu, amor. Pra quê isso?!”
O corpo d’ela não estava firme, mas caminhava em direção à saída. Assim como seus pensamentos não estavam firmes. Ela, de impulso, queria descer e deixar seu rapaz lá naquele. Mas sabia que o que haviam conversado ainda não era o suficiente. Seus olhos trêmulos pediam o encontro com o chão metálico texturizado, outros olhos seriam uma afronta. A curiosidade alheia, então, atormentava. E na cabeça d’ele o que se passava? Duvidas. “Deveria a conversa ser estendida? Como poderei convencer-ela de que estou certo. Mas ela vai chorar...”
Como de supetão, logo atrás, sorrisos paradoxais habitavam o outro assento. O moço com um riso seguramente forjado tentava persuadir a moça e se impor sobre ela. “Vou conseguir o que quero. Seus lábios.” A moca já demonstrava certa timidez ao, compulsivamente, arrumar uma franja já arrumada. E rearrumava a um infinito incontável de vezes. O moço, mesmo que Quasimodo, demonstrava confiança no que queria e aquela seria a primeira vez e seria bem feita. O moço estava certo.
Eu não.
Ele então balbuciava para persuadir-ela. Ela vestia os óculos e procurava um horizonte como quem busca uma escora quando em um deslize. Agora era ela. Suas bochechas palpitavam violentamente em direção a ele, que não tinha mais o que fazer senão segurar o apoio do assento em busca de firmeza. Firmeza essa que não pertencia a ele naquele momento. Ela passou a intensificar a fala e não desviar o olhar, ainda que encoberto por lentes, do rosto d’ele. Ele ouvia. E seu olhar, repetitivo, procurava fixar-se, o que não aconteceria naquele lugar onde tudo gira em elipse.
O moço despediu-se com um beijo íntimo. Beijo de confiança, de doação mútua. A moça entre um beijo e outro, sorria, mas despedia-se do moço. O moço se levanta e...

(Barulho agudo do sino de parada do ônibus)

A moça, já sem seu moço, pôs-se a conversar com a amiga do assento ao lado. Percebera a moça que ele e ela estavam exaltados. E, como quem olha um incêndio no prédio ao lado, ficou curiosa. O espanto não demorou tornar-se jocosidade. Agora ombros se levantavam e baixavam num movimento rápido e repetido enquanto as mãos da moça tampavam o arco que se formava entre seu nariz e seu queixo. Uma risada dela no momento do espanto foi como um corte.
Ele desceria junto a mim. Ela, não sei. Chegada minha vez de descer ela me acompanha. Ele se manteve sentado até o último instante, como que aquela distância entre eles fosse amenizar a discussão. Abandonei toda essa confusão, e no meio do meu silêncio, olhei para trás de soslaio e: ele e ela na iminência de um abraço, quando outro ônibus amarelo corta meu campo de visão e passa cheio de outras historias, términos, inícios e reatamentos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Filmes recentes

Milk é bom. Duas horas de filme pela ótica de um grupo, que à época, era minoria. Desgostei um pouco da primeira hora de filme que explora muito a vida sexual e de Harvey Milk, destoando um pouco da proposta de ilustrar a trajetória política do primeiro político abertamente declarado gay do estado da Califórnia. Ao meu ver é essa a proposta do filme, que só é retomada na segunda hora de filme, o que dá um ritmo diferente e torna-o bem mais intenso. De modo geral me agrada o filme.
Blade Runner, recomendação do grande amigo Xá, é um filme que segue a estética de Metrópolis (1927), como eu e Xá concordamos. Tenho a sensação de tropeçar quando da última cena, mas Ridley Scott evidencia em detalhes fatores fundamentais para o entendimento da trama. O que me deixou agoniado é a personagem Roy. Afora ser ofegante e ter a postura física de um robô não vejo o que diferencia um replicante de um ser humano. Não sei se por falta de efeitos especiais ou algum capricho exagerado como se vê em muitos filmes de ficção científica. Surpreendeu minha irmã o fato de ter sido rodado em 1982. No fim das contas, gostei.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Não resisti. melhor, não suportei ficar sem escrever um bocado de linhas. e, embora desconfortabilíssimo redigir qualquer coisa pessoal ou não os fortalezenses não evitam uma olhadela para a tela desse computador situado no meio de um corredor do Shopping Benfica. Ignoro.
Não aguento. A cada dia que passa mais eu descubro os podres dos seres humanos. Não aguento a acomodação que nos é característica. Acomodação a erros, a condições desfavorárveis e pusilanimidade que evidenciamos em diferentes situações e para diferentes pares. Estou me firmando muito na Palavra para ter meu sustentáculo diante desse mar de atuações e comportamentos forjados. Pode ser impressão minha, mas as evidências (não são provas) são muito fortes. As pessoas simplesmente descartam a ideia de se buscar a integridade. Não vejo entrega da maioria das pessoas a manterem suas palavras ou seu discurso moldado, por vezes em uma situação de mera formalidade, diplomacia. A mesma vontade que tenho de desistir de escrever tudo isso é a vontade que tenho de estender minha aflição para esse teclado.
"A humanidade é boa. O que não é bom são as pessoas" ou algo assim disse alguém muito sábio. A cada dia concordo mais com essa frase. Mas preciso ler a Palavra. Là está minha orientação e refrigério.
A paz.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

incompleto3

É tempo de renovo. Tempo de reconciliação.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Acho que tenho guardado muito o que tem potencial para a escrita. não sei qual o objetivo dessa postagem, nem como vai terminar. só me tomei pela vontade de escrever, tendo em vista as frequentes leituras sobre redação jornalística em meios eletrônicos. mas sem a pretensão de um redator, um foca.
O assunto em voga é o falecimento de um ícone da música pop, de um astro que revolucionou coreografias, performance musicais e um estilo musical, afora a refiguração do personagem da estrela pop que conhece figuras políticas. Mudanças de grandes proporções na mídia, também. Como se vê, nova gripe, air france e eleições do irã não constam no alto de sites como o video.google.com e o twitter. Inclusive a morte de Farrah Fawcett, no mesmo dia, não teve muita repercussão.
Não menor que isso, deve-se lembrar também das polêmicas de bebê em janela, especulações inúmeras sobre o estado de saúde de jackson, acusações pedofilia, atropelamentos não indenizados, só pra constar os que me vieram a cabeça. Acredito que tomar nota de todos esses fatores é importante para a compreensão do peso desse falecimento. Ontem à tarde eu pouco me interessava pelo assunto, e não ponho em discussão a enxurrada informacional dos meios sobre o tema, mas levo em consideração a não muito grande frequência que tenho em ouvir as músicas de Michael Jackson. Depois de conversar com quem acompanhava melhor a carreira dele, tive um pouco de noção da importância mundial dessas contribuições de Michael Jackson ao mundo como um todo, mas também às vidas de muitos. Às suas personalidades e comportamentos.
Não sou fã, não gosto de esperneios, não gosto de nicks forçados in memoriam em msn, ou o que se encaixar nessa lustração sobre superfícies arranhadas. Mas acho que quem assim age tem suas razões. Nem mesmo gosto do endeusamento que se faz nesse tipo de situação, mas esse é meu ponto de vista.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pandemia (?)

Influenza A, Crise Financeira na descendente, Ronaldo, Adriano, Miss DF etc etc etc. Os sites de notícias têm oferecido um leque de assuntos e, em alguns casos, opiniões a respeito dos diversos casos. Mas a notícia que me fez vir ao computador de supetão para redigir isso foi divulgada no Jornal da Band que está em andamento nesse instante. Por mais contrário que eu seja à edição regional(DF) do jornalismo desse canal, me dispus a assistir à nacional. E o que me chamou a atenção foram as notícias sobre a Nova Gripe: primeira confirmação de morte no Canadá, causada pela nova doença; jovem que viajou em 23 de abril para uma competição de tênis em Cancún retorna ao Brasil e, no mesmo dia, vai a uma boate. Dias depois vai à casa de amigos assistir a um jogo de futebol. Por fim, ele está isolado num andar do hostpital da Ilha do Fundão com a confirmação de estar infectado pela Gripe A; garota de 7 anos que voltou da Flórida há alguns dias teve diagnóstico da mesma doença confirmado pela Secretaria de Saúde de Santa Catarina, mas já teve alta. O caso aguarda confirmação do Ministério da Saúde para contabilizar, hoje, o quinto caso brasileiro de contaminação pela Nova Gripe.
Afora tantos casos de repercussão e discussão sobre a saúde nesses casos, eu me ative a outra temática: a do preconceito que está na ascendente. O preconceito que se está gerando em casos como o seguinte: uma professora suspeita de estar infectada pelo vírus está sendo alvo de um abaixo assinado que requer seu afastamento do colégio, por razões óbvias, mas que não justificam tal ataque à ética. Inclusive um dos pais que deixaram a assinatura é médico. A discussão tem de ser levada para esse campo ético também. São máscaras e recusas de apertos de mão que, ao lado da saúde são tentativas de evitar novas contaminações, mas que, ao exemplo extremo dessa professora, têm reafirmado o distanciamento. Talvez essa desagregação seja em muito contribuição para a facilidade do alastramento do pânico geral, do pandemônio gerado em situações em que não se consegue agarrar a algo ou a alguém por não se tê-los por perto. E é só na vulnerabilidade que conseguimos olhar para cima, porque aí percebemos que o pedestal que construímos para nos suportar numa altura não nos sustentava realmente. Já bem distante do que quero dizer, retomo a necessidade de humanizar a situação e não ser regido pelo medo, pelo temor e pela recusa em favor de uma segurança sugerida.
Por fim, a individualidade que nos protege em muitos momentos nos trai quando confirmamos o que não queremos reconhecer: somos pequenos e vulneráveis. Pensamos nos grandes feitos da Humanidade, no poder de cura da Medicina, na evolução tecnológica ou no alcance da ciência, mas poucas vezes lembramos que todos esses são realizações de seres humanos, frágeis, errôneos em muitas áreas e não exatos nem muito menos íntegros, como o sentido usual da palavra sugere. Às vezes agimos em prol da saciedade da vontade própria que, por vezes, pode ser danosa a uma multidão, ou, em outros casos, inocentemente oferecemos riscos aos que nos rodeiam. Ou, maus que conseguimos ser, somos intencionalmente arbitrários e pensamos em prol apenas do bem próprio ou daqueles que, em determinadas situações, são considerados próximos, já que em outras situações podem nos oferecer riscos.

sábado, 2 de maio de 2009

incompleto2

Um filho, que tem em seus pais a segurança e fortaleza incontestes, por vezes hesita em falar de vivências, sentimentos, emoções por tratá-los muitas vezes com racionalidade. Por vê-los humanos, e não os pais, figura acima de toda classificação racional, que merecem e têm de ser vistos debaixo em muitos momentos. Esse filho se vê em muitos momentos só ao pensar nas possibilidades de ocorrência de coisas ruins, quando esquece que cada um tem a possibilidade de fazê-las boas ou ruins.
Do outro lado, a inocência e insipiência de quem tem três quartos de ano de vida e olha constantemente debaixo para seus pais que não veem a hora de tê-la nos braços enquanto o vento bate em seus rostos. Eles esperam paciente e exemplarmente por esse momento e não há data festiva, feriado, dia santo que se diferenciem nas corriqueiras visitas e revezamentos: quando um espera, o outro faz as coisas que se pedem ser feitas.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Banal 2

(Campainha)
-Boa tarde, eu represento o órgão ...
- Oi?
- Estou fazendo uma pesquisa de porta em porta. O responsável pela casa está?
- Responsável? Na ausência dele eu posso representá-lo, não?
- Como?
- Na ausência dele eu posso representá-lo!
- Bem, não há ninguém responsável no momento?
- Eu não sou responsável, é isso?
- Não, não, hehehe, alguém responsável pela casa. Tem ninguém aí não?
- Não.
- Então eu volto em outro horário, ok?
- Bem melhor assim.


(telefone berra)
- Olá, boa tarde, meu nome é Mariana e eu falo do IBOPE, de São Paulo, e estamos fazendo uma pesquisa sobre propaganda. Sobre a influência da propaganda no consumo nas casas brasileiras. Qual o seu nome?
- Meu nome é Alexandre.
- E qual sua idade, Alexandre?
- Eu tenho dezenove anos.
- Ah, entendo. Não há ninguém maior de 25 anos em sua casa?
- Não no momento.
- Ah tá, tudo bem, então muito obrigado, Alexandre. Tenha uma boa tarde.
(tu, tu, tu.)

Em menos de dez minutos. Responsabilidade então, é?!

sexta-feira, 27 de março de 2009

São Paulo Monumental

Esquina da Consolação com Antônio Carlos. Ambulância, sirene e bvuzuinas já arranjam o caos que invade a mesa de almoço. Pouco mais de quatro horas na megalópole não foram capazes de me estressar, ainda mnais quando dois quase desconhecidos trocam farpas à mesa, de modo jocoso.
À mesa nós cinco fazíamos piada com os costumes que não eram nossos e ríamos das porções intermináveis de feijão e os infindáveis, e sempre imediatos ao pedido, copos de suco de laranja da birosca da esquina. Não muito sabíamos do outro que acompanhava nós quatro. E mais tarde descobriríamos que isso era quase pré-requisito no chão das quarenta e sete mil ruas existentes na cidade. A individualidade rena de maneiras tanto indiferente quanto respeitosa. Pouco importava e quase não mea ssustava a variedade de esoécimes humanos das mais dirferentes nuances e eu não me importaa com os poucos segundos que eles dividiam comigo a existÊncia. Visão de um provinciano forçando a barra, eu sei. Nunca tive experiências em profusão com multidões de 30 mil pessoas num joquei, quiçá com 11 milhões em ruas que tão pouco conheci. Admirei a vida noturna e os shows da cidade, mas também desgostei de certa falta de afabilidade de alguns taxistas, cobradores de ônibus e quase todas outras funções que não envolvessem balcão e comissão. Mas, levando em consideração de onde eu venho, posso me basear na educação familiar que tive para tecer críticas.
Gente, gente. Muita gente.
Isso é bacana, enriquecedor e ao mesmo tempo amedrontador, pelas inúmeras possibilidades boas e ruins. Mas tentei esquecê-las e viver o que havia planejado e também o inesperado que me reservavam aquela miríade de esquinas. Descer a Augusta por pelo menos três vezes e ver aquele degradê musical e cultural era estonteante.
Tá, vou parar com essa pedância.
A São Paulo que conheci é Monumental. É turística. É dominical (quase-)tranquila em alguns costumes. E ela se abria bem mais que as pequenas, mas não desimportantes, Asas.
Gostei.

segunda-feira, 2 de março de 2009

ô, és, á, ér, í, ên, tí, iú, él,...

Dó, Ré e Mi era o som dos grosseiros pedaços de geleira tocando a sensível flor d'água misturada a uma bruteza de barro e outros sólidos. Mas a geleira recrudesceria. Os pesados pedaços iriam se recompor. A leveza poética do peso das imagens fazia meu par de olhos perambular pela tela como que quisessem expressar algo, falar em retribuição: obrigado. Porque o Encarceramento não impediu que JD conseguisse adentrar meus pensamentos e me fazer sentir por ele, sem esforço físico.
E JD era a grosseria de mais uma engrenagem do sistema, mas sensível quando posto no opróbio irreversível. De engrenagem a peça fundamental, essa seria a guinada de JD.
Fazer com que sua prole o reconhecesse dessa forma, mas o aceitasse como antes parece tarefa impossível para um humano desprovido de disposição avasaladora e sensibilidade às aparentes desgraças intermináveis. Mas o ser humano tem de sensibilizar-se às adversidades e não tornar-se imune a elas. Essa é a impressão que tive ao ver dois filmes que tratam de homens humanos se dispondo a ultrapassar o limite imposto pela falta de reação que é comum a muitos seres humanos.
Cegos, fizeram a si ver pelos outros 4 meios. Intáteis, fizeram os outros sentirem através da descrição das impressões que tinha pelos outros 4 meios.
E o escafandro já não pesa quando se tem um mar inteiro para se desbravar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Feito no mato.

"Xiado incômodo, mas ainda assim, nenhum ruido mecânico perfurante. Só os grilos e o piado matinal de algumas aves e... Xiado...: "E assim ela se foooi, nem de mim se despediu...Chalana..."; Xiado. Sintonizado o rádio e desagradados alguns ouvidos de um ou outro acordados pela barulheira do radinho o sol invadia o ambiente sem paredes em que dormia a trupe. E como que por milagre, depois de muito subir e descer o anel de sintonização passando por uma série interminável de cantos interioranos, explode numa rádio a melodia conhecida: "Quanto mais deseeejo um beeeeijo, um beeeeijo seu...". O dono do rádio já assobiando já importunara os sonolentos, estes espalhados pelos colchonetes no chão, mas a preguiça boa e a tranquilidade eram tamanhas que não havia incômodo suficiente para tirar-lhes a paciência. Afinal era disso que eles abasteceram seus porta-malas, anzóis, linhas e chapéus; Para se colocarem em um barco com o sol a pino e sem expectativa de volta era necessário muito dela! E também despir-se de preocupações, requintes e preciosismos de toda sorte, seja ela de vestimentas, luxos, preferências musicais e, em certos momentos, higiene urbanóide. Até certo ponto é bom por recolocar o bicho-homem na condição em que ele não gosta de se ver espontaneamente: na natureza como animal.
24/jan 6h47
(em andamento)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

"A incerteza. A dúvida. É aquilo que a chuva não conseguiu lavar e meus olhos, ainda embaçados, tentam precisar. Mas Capitu não é fictícia. Vive no meu dia a dia. Vive me pondo à beira do parapeito. Melhor, ela é o além-parapeito que me dá vertigem. A vontade suicida e descomedida de me jogar para gozar do breve da imponderabilidade. A leveza."
E os passantes olham estupefatos o desvairado a se pôr mais uma vez à queda. Já nem o aconselham mais. Nem mesmo o advertem do que vem depois. Ele é livre para se jogar. É livre para se sentir leve. Os passantes não compreendem as razões dele, embora nem mesmo ele saiba se elas existem.
Eram ele e a distância. Só havia sintonia entre esses dois, pois Capitolina não estava na mesma frequência que ele. E nunca esteve. Por um momento ele cerrou os olhos e imaginou-se de mão dada à dela durante a queda. E viu que não havia mais harmonia. Quis desistir do salto, mas sabia que o chão o atraía de uma forma impactante que seus pés juntos nunca o proporcionariam. Ele queria a instabilidade, não a segurança na constância.
Já se vendo posto à entrega, cabeça a prumo, corpo inclinado e pés envergados, olhos brilhantes e mente imaginativa... Caiu.
Visão embaçada, razão extinta, olhos abertos e mãos nuas encontraram solitariamente o concreto quente e rígido.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Feito no beco.

estudar pra trabalhar, trabalhar pra acumular, acumular pra sobejar, sobejar pra ostentar, ostentar pra vangloriar-se, vangloriar-se e procriar, procriar e perpetuar, perpetuar e legar, depois a alguém herdar e dessa vida passar.

Nota mental.

Lembrar de me reciclar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Capitão de Köpenik (e algo mais)

O filme de Helmut Käutner começou muito truncado pela simultaneidade de histórias se desenrolando e ainda havia minha complicação auditiva para aceitar o Alemão cobrindo as legendas. Lucas (o Urso, para os da FAC) concordou comigo nisso. O protagonista Wilhelm é uma figura caricata e, na prisão, lembra um monomaníaco. Fora dela um obstinado. As risadas começam a aparecer depois da compra do uniforme, objeto que marca a transição cômica no filme. Pois bem. Muitos simbolismos e frases de efeito que se justificam ao longo do filme e uma conseguiu fixar em minha mente, embora não integralmente: "você é como as pessoas te veem". Algo assim. E ela se aplica a Wilhelm e serve de pano de fundo pras ações dele.
E é a partir dessa frase que penso em algo que me incomoda. A mania que temos de julgar a parte pelo todo. Considerarmos um ato pontual, isolado às vezes, por um comportamento constante. Como conversei há pouco com o amigo Caio César e me usando das palavras de Eduardo Galeano, "não sei ser otimista full-time". E Acredito que isso se aplica a muitas outras áreas e virtudes do ser humano, seja se comportando dentro de um grupo, uma sociedade, ou na intimidade. Somos uma miscelânea de imagens que não devem ser consideradas estáticas, engessadas. Tenho princípios e sentimentos e hei de segui-los enquanto me houver razão. E por paradoxos assim que somos compostos, muitas vezes não simples e facilmetne explicáveis em alguns caracteres de um blog.
Estou sendo prolixo, sei. Acredito que podemos e devemos ser adequados às situações a que somos expostos e nos expomos...
Continuo melhor outra hora.
Por hoje, um abraço.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Banal

Não vou fazer disso um diário de verdade, mas na falta do ímpeto de escrever algo (quase) trabalhado vou me prender ao quotidiano. Já que o dia foi bacana por comemorar o aniversário de 40 anos de um amigo ao lado de outros tantos amigos variados. Encarei as últimas 14h com olhar banal, nada tão analítico e observador, já que não havia tamanha necessidade. Apenas preciso lembrar de me permitir um pouco mais desfrutar de pequenas atitudes que fazem felizes os desamarrados à vergonha. Férias tão longas que se tornam complicadas de administrar, embora os últimos dias ao lado dos grandes amigos têm sido ótimos. E tenho de terminar Crime e Castigo logo para poder ler os outros mais de 9 livros. Se você, escasso leitor, tiver alguma recomendação literária, cinematográfica, de lazer ou o que seja, faça a caridade de deixá-la em comentário.
Obrigado.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Devaneios2

"Vitilantiluli pirra pirra cautivi assobiava o Sanhaço. E, pesarosa, outra ave cearense entoava: um mundo cheio de altos e baixos; onde caiu Pedro Segundo, cairá João Bastos. O dia está ótimo para ressucitar memórias que não me pertenceram, mas serão minhas e me tocarão de nostalgia por algumas horas.

E saber que meu tio-bisavô deixou o Ceará em 1904 para se tornar um dos maiores produtores e exportadores de borracha dos seringais amazonenses (é o que se conta) me encheu de um orgulho estranho, por não ser exatamente meu. Porém, como sempre, as glórias não vem sozinhas. Adoeceu e por falta de conhecimento dos vizinhos era tido como doente contagioso. Seus pertences, suas ações quotidianas tinham de ser somente dele. Chegando ao opróbio de depois de seu falecimento todos seus pertences e mobílias, objetos com bastante história, serem jogadas num despenhadeiro por medo da contaminação. Objetos que não poderiam ser divididos pelo receio dos outros em se contaminarem. Para tanto, J. Bastos. viajou à Suíça à procura de tratamento, o qual não havia pelas terras tupiniquins. Viajou com dois filhos e deixou por aqui sua esposa e seu legado. E para seu infortúnio descobriu que sua doença (cujo nome não me recordo) já estava em estágio avançado e que não haveria esperança de melhora, tendo como escape apenas aproveitar o tempo que lhe sobrava. Como forma de aproveitá-lo quis que seus filhos também o fizessem: deixou-os lá para que estudassem.

Voltando para o Amazonas, amarga um abandono da esposa, agora ex. Voltou para sua terra natal, Santana, região próxima a Itapagé-CE para poder ter seus últimos dias sem maiores tormentas e reproduzir aquele estribilho para outros.

E eu, duas gerações depois, conto num ritmo apressado a história que ouvi por minha tia. Mas essa é só a visão do contador. A minha visão. J. Bastos quem sabe encontrou coisa mais feliz que seringal, Suíça, escritos ou Santana poderiam ter-lhe dado.

O que me encanta é mais um canto de Sanhaço."

Escrito em 21/jan na mesma ocasião do texto em frente à televisão.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Devaneios

"'Tomara que chova enquanto eu estiver lá.' Pensei. E assim se fez. Não bastasse eu me sentir na mesma situação que há uns sete anos, ainda tuve de encarar novos problemas que afetaram meu sobrinho e ,diretamente, a todos os outros. A chuva não só aliviou o calor infernal que assolava a cidade naquela tarde, mas melhorou (um pouco) minha estada. Agora, rever as mesmas faltas de educação dos visitantes, as mesmas saídas para o Centro barulhento e as mais frequentes feiuras (e viva a Reforma Ortográfica!).

Fui ao clube com a família e me incumbi de vigiar nossos pertences enquanto eles se banhavam e aproveitavam o pouco do sol. Durante a ausência deles, lia Crime e Castigo e, simultaneamente, o céu se fechava e ventava fortemente. Com isso, aquela horda desesperada passava à minha frente procurando um teto, ainda havendo mormaço. Raskólhnikov se dissimulando e aquela manada estourando. E no clube a única água que tocou meu corpo foi a da chuva. E com os ventos fortes e nuvens escuras tomando o lugar do mormaço a massa bateu em retirada pra debaixo de um local fechado. Bestializados e ofegantes. Por que em massa boa parte de nós se comporta de forma animalesca? Seja em situação de desespero em que todo mundo tenta se safar de um malgrado ou quando tomados por adrenalina ou endorfina excessivas saem batendo em garçons ou queimando índios. Nelson Rodrigues me permita o empréstimo e a adaptação, mas, sim, toda unanimidade é burra.

E, na contramão, por que quase toda individualidade é acompanhada de incompreensão? As particularidades de alguns indivíduos em excesso às vezes sufocam, mas por que existe o costume de refutá-las antes de vê-las corretamente? Eu não aguentaria viver imerso em burrice sem razão, mas me imaginar recluso entre 'quatro pensamentos' também me aflige. A exemplo de agora: estou complementando devaneios, três dias após iniciados à beira de uma piscina. E agora estou numa sala diante de um televisor emudecido enquanto seis ou sete parentes estão a cômodos de distância a contar seus casos passados. Esse tanto de pergunta é basicamente por causa disto: eu insistir na distância, em alguns momentos. Às vezes me falta um bocado de aproximação (comedida, claro). Mas não será diante de um bloco de notas ( de celulose ou de pixels, qual seja) que eu conseguirei isso..."

Texto iniciado em 18/jan à beira de uma piscina e complementado em 21/jan à frente de uma tevê.