quarta-feira, 18 de março de 2020

pandemia sem pandemônio

hoje é dia 18 de março de 2020 e eu me encontro no terceiro dia de isolamento por conta da pandemia do covid-19. pode parecer precipitado, mas sei que é necessário. moro com meus pais, e ambos têm mais de 60 anos de idade, além de terem particularidades que os colocam no grupo de risco comigo. eu sou operado, tenho uma prótese no lugar da válvula aórtica e ingiro medicamentos diariamente.

apesar disso tudo, notei – em 72 horas – que há outras formas de se construir a rotina. minha mãe sofreu episódios de vômito e alta de pressão sanguínea, o que acreditamos ser um quadro psicossomático, e precisamos levá-la ao pronto socorro em duas ou três ocasiões nas últimas três semanas. note-se que ela teve outros dois episódios sem encaminhamento ao hospital. centro médico este que me internou quando da minha cirurgia cardíaca em agosto de 2019. coisas da vida – ou da limitação da rede de atendimento do plano de saúde.

estamos eu, meu pai, minha irmã e meu sobrinho nos revezando nas tarefas que deveriam há muito ser dividas de forma equânime. no entanto, prova-se o quanto minha mãe, uma senhora de 64 anos, permaneceu sobrecarregada tanto por nossa conivência quanto pela obsessão dela por limpeza. esta, inclusive, serve muito bem no atual momento, em que nos preocupamos tanto com a assepsia das mãos, das superfícies em que tocamos as mãos  e do ar que respiramos.

estou escrevendo este relato, minha primeira nota sobre este período que deve ser longo, para desanuviar as ideias e ter um registro para o alexandre do futuro ler. quem sabe daqui 12 ou quiçá oito semanas, ele possa ler tudo isso e aprender algumas lições.

ficaremos bem.

aab