quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Feito no mato.

"Xiado incômodo, mas ainda assim, nenhum ruido mecânico perfurante. Só os grilos e o piado matinal de algumas aves e... Xiado...: "E assim ela se foooi, nem de mim se despediu...Chalana..."; Xiado. Sintonizado o rádio e desagradados alguns ouvidos de um ou outro acordados pela barulheira do radinho o sol invadia o ambiente sem paredes em que dormia a trupe. E como que por milagre, depois de muito subir e descer o anel de sintonização passando por uma série interminável de cantos interioranos, explode numa rádio a melodia conhecida: "Quanto mais deseeejo um beeeeijo, um beeeeijo seu...". O dono do rádio já assobiando já importunara os sonolentos, estes espalhados pelos colchonetes no chão, mas a preguiça boa e a tranquilidade eram tamanhas que não havia incômodo suficiente para tirar-lhes a paciência. Afinal era disso que eles abasteceram seus porta-malas, anzóis, linhas e chapéus; Para se colocarem em um barco com o sol a pino e sem expectativa de volta era necessário muito dela! E também despir-se de preocupações, requintes e preciosismos de toda sorte, seja ela de vestimentas, luxos, preferências musicais e, em certos momentos, higiene urbanóide. Até certo ponto é bom por recolocar o bicho-homem na condição em que ele não gosta de se ver espontaneamente: na natureza como animal.
24/jan 6h47
(em andamento)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

"A incerteza. A dúvida. É aquilo que a chuva não conseguiu lavar e meus olhos, ainda embaçados, tentam precisar. Mas Capitu não é fictícia. Vive no meu dia a dia. Vive me pondo à beira do parapeito. Melhor, ela é o além-parapeito que me dá vertigem. A vontade suicida e descomedida de me jogar para gozar do breve da imponderabilidade. A leveza."
E os passantes olham estupefatos o desvairado a se pôr mais uma vez à queda. Já nem o aconselham mais. Nem mesmo o advertem do que vem depois. Ele é livre para se jogar. É livre para se sentir leve. Os passantes não compreendem as razões dele, embora nem mesmo ele saiba se elas existem.
Eram ele e a distância. Só havia sintonia entre esses dois, pois Capitolina não estava na mesma frequência que ele. E nunca esteve. Por um momento ele cerrou os olhos e imaginou-se de mão dada à dela durante a queda. E viu que não havia mais harmonia. Quis desistir do salto, mas sabia que o chão o atraía de uma forma impactante que seus pés juntos nunca o proporcionariam. Ele queria a instabilidade, não a segurança na constância.
Já se vendo posto à entrega, cabeça a prumo, corpo inclinado e pés envergados, olhos brilhantes e mente imaginativa... Caiu.
Visão embaçada, razão extinta, olhos abertos e mãos nuas encontraram solitariamente o concreto quente e rígido.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Feito no beco.

estudar pra trabalhar, trabalhar pra acumular, acumular pra sobejar, sobejar pra ostentar, ostentar pra vangloriar-se, vangloriar-se e procriar, procriar e perpetuar, perpetuar e legar, depois a alguém herdar e dessa vida passar.

Nota mental.

Lembrar de me reciclar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Capitão de Köpenik (e algo mais)

O filme de Helmut Käutner começou muito truncado pela simultaneidade de histórias se desenrolando e ainda havia minha complicação auditiva para aceitar o Alemão cobrindo as legendas. Lucas (o Urso, para os da FAC) concordou comigo nisso. O protagonista Wilhelm é uma figura caricata e, na prisão, lembra um monomaníaco. Fora dela um obstinado. As risadas começam a aparecer depois da compra do uniforme, objeto que marca a transição cômica no filme. Pois bem. Muitos simbolismos e frases de efeito que se justificam ao longo do filme e uma conseguiu fixar em minha mente, embora não integralmente: "você é como as pessoas te veem". Algo assim. E ela se aplica a Wilhelm e serve de pano de fundo pras ações dele.
E é a partir dessa frase que penso em algo que me incomoda. A mania que temos de julgar a parte pelo todo. Considerarmos um ato pontual, isolado às vezes, por um comportamento constante. Como conversei há pouco com o amigo Caio César e me usando das palavras de Eduardo Galeano, "não sei ser otimista full-time". E Acredito que isso se aplica a muitas outras áreas e virtudes do ser humano, seja se comportando dentro de um grupo, uma sociedade, ou na intimidade. Somos uma miscelânea de imagens que não devem ser consideradas estáticas, engessadas. Tenho princípios e sentimentos e hei de segui-los enquanto me houver razão. E por paradoxos assim que somos compostos, muitas vezes não simples e facilmetne explicáveis em alguns caracteres de um blog.
Estou sendo prolixo, sei. Acredito que podemos e devemos ser adequados às situações a que somos expostos e nos expomos...
Continuo melhor outra hora.
Por hoje, um abraço.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Banal

Não vou fazer disso um diário de verdade, mas na falta do ímpeto de escrever algo (quase) trabalhado vou me prender ao quotidiano. Já que o dia foi bacana por comemorar o aniversário de 40 anos de um amigo ao lado de outros tantos amigos variados. Encarei as últimas 14h com olhar banal, nada tão analítico e observador, já que não havia tamanha necessidade. Apenas preciso lembrar de me permitir um pouco mais desfrutar de pequenas atitudes que fazem felizes os desamarrados à vergonha. Férias tão longas que se tornam complicadas de administrar, embora os últimos dias ao lado dos grandes amigos têm sido ótimos. E tenho de terminar Crime e Castigo logo para poder ler os outros mais de 9 livros. Se você, escasso leitor, tiver alguma recomendação literária, cinematográfica, de lazer ou o que seja, faça a caridade de deixá-la em comentário.
Obrigado.