quarta-feira, 7 de abril de 2010

ignorance is not a bliss

- Esse ônibus vai pro SBS ?
- Não, acho que fica bem longe pra voc..
(ônibus não espera)

Resignado e cabisbaixo retorna ao ponto.

- Desculpa. Ele ainda mal tinha parado. Nem esperou...
- Não, eles são mal educados...
- Ignorância!

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Ignorância. Ignorância no sentido oposto ao da polidez? Ou ignorância, que determina o comportamento, a constituição intelectual do ignorante? Os dois simultaneamente.
Hoje vejo poucos casos para a ignorância ser tida como bênção. Na maioria dos casos ela reflete a falta de informação. em ambas as acepções que elucidei isso é bastante adequado. E a ignorância pode ser tida, na verdade, como um caminho para o conformismo pelo fato de se constituir e se expressar pelo desinteresse pela informação, por saber do porquê outro, por saber o que é necessário para si, inclusive. E para tanto, se mostra como o não-saber que afeta o outro. Não creio mais que é uma verdade absoluta o não-saber, que ele evita sofrimentos, que ele poda maus momentos. O esclarecimento vem sendo buscado há milênios, a busca por resposta há de ser eterna (enquanto durar). O que evita sofrimentos é o desinteresse. Porque evita na mesma proporção que castra a curiosidade. Curiosidade pelo outro, pelo desconforto que instiga a melhora, a superação. Não entendo como a ditadura do conformismo achou na minha geração bom lugar para se situar. Na verdade entendo. Pensar enlouquece, não é mesmo? E racionalizar é ocupação dos seres pensantes e os seres pensantes não vivem as noites de sexta. E aventuras, a experiência com o novo só é legítima ao passo que é levada, não racionalizada. Então, ignorar é uma ferramenta de auto-proteção. Então ser(-)ignorante é ser(-)vivente. Então o inconformismo é um estado. Breve como os momentos em que se deve dedicar ao pensamento, à preocupação com o outro. Não é mesmo?!
(cont...)