Eu me sento à
mesa da varanda de minha casa para estudar, longe da barulheira do interior da
casa e sou surpreendido com os avisos do celular. A princípio eu ignoro já que
não quero perder o foco dos estudos. No entanto o celular vibra mais que uma
vez, duas ou três. Ele vibra seis vezes! Foram seis mensagens em branco do
mesmo número desconhecido, ao ponto de me despertar a curiosidade e então a
lembrança de que eu já havia recebido aquela mesma mesma mensagem vazia alguns
meses antes. Por fim, decido ligar para o número e tentar descobrir o que
acontecia. Depois de o telefone tocar algumas vezes uma mulher atende. E quando perguntada quem
estava do outro lado da linha, espertamente replica com a mesma pergunta. Sábia
resposta em tempos em que nossa privacidade é invadida muitas vezes até com nosso
consentimento. Após explicar o que ocorrera, que há meses já recebia essas
mensagens de seu número e só agora eu criara coragem de ligar para entender o
que se passava a mulher responde que é jornalista, trabalha no Ministério de
AlgumaCoisaqueEuEsqueci e que nunca havia me mandado essas mensagens e nem
mesmo visto alguma mensagem destinada ao meu número em sua caixa de saída.
Intrigados, ambos resignamos e ficamos com as desculpas recíprocas e educadamente
finalizamos a ligação.
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Na noite do
mesmo dia decido ir à Toranja, festa já tradicional das "quartas-feiras
alternativas" de Brasília . Na companhia (e no carro) do Aloizio acompanhado por Mixa, sua
amiga, saímos da UnB rumo à 201 norte ouvindo histórias da adolescência dos dois,
de histórias engraçadas de amigos em comum entre eles. Mais tarde, já na festa,
começamos a refrescar a memória um do outro a respeito de amigos em comum entre
nós três. E é então que sou surpreendido com a notícia de que Fê Q, amiga de
longa data deles e uma colega agora distante, está grávida, quase para parir. E
o mais curioso da surpresa é que ela decidiu não saber o sexo da criança durante a gravidez, deixara para somente quando
esta/este nascer! Exclamo com surpresa o quanto gostaria de desejar à Fê muita
saúde e sucesso na gestação e na criação do bebê. Mas por falta de contato com ela
esses votos talvez ficassem só nas ideias. Eu disse talvez ficassem.
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No dia seguinte
acordo, vou à UnB, assisto minhas aulas e então vou para a biblioteca do campus estudar. Já é rotina. Mais uma
vez sou interrompido por um número desconhecido, mas dessa vez de maneira mais
insistente e direta. Uma chamada de um outro número desconhecido faz meu
celular vibrar sobre a mesa da BCE. Decido sair para atender e me deparo com o
sempre incômodo de se ter nome iniciado com a letra A: receber ligações de bolsos,
bolsas e qualquer compartimento inanimado que com o mínimo movimento faz a
ligação mais precisa e mais aporrinhante que alguém gostaria de receber. Desligo, mas retorno a ligação. Quem era do outro lado da linha? A mesma mulher do outro
número que, desta vez, atendia em seu outro aparelho. E este, misteriosamente, ligara para o meu também sem a intenção da dona. Eis que me deparo com o mais
surpreendente: a dona de ambos os números desconhecidos é a mãe da Fê Q. Um dos
aparelhos, com chip da TIM, que ela usa atualmente já pertenceu à Fê e tinha
meu número registrado. Mas as mensagens e a ligação nunca partiram dos dedos da
mãe da Fê. Sempre foram realizadas por algum arranjo misterioso do acaso.
Oportunamente pude desejar meus votos para a Fê e rir quando a mãe dela falou que
ia me tirar da agenda dela, sem ofensas.
Louco, não?
Finalmente vi o slogan “sem fronteiras” ser aplicado para alguma coisa.
P.S.: Mais oportuno ainda é citar o Aloizio no texto e, no título deste post, uma música da banda que ele tinha com outros amigos meus, a Lafusa.