domingo, 20 de maio de 2012

abr'olhos

Minha barriga emitia os mesmos ruídos que os da barriga de Teresa quando sob o portal da casa de Tomas. Em Praga a Primavera era outra, os romances também eram mais frutíferos. Aqui a primavera me trouxe uma Sabina, tal qual uma teresa. No entanto, eu acordara ao lado de Teresa enquanto a misteriosa Sabina perdeu-se no mundo sem me avisar. Mas eu sei o que vou fazer de mim. Quando notei, estava compartilhando rotina com uma estranha conhecida que há dois dias dormia na mesma cama que eu. Não foi uma intimidade conquistada, mas sim uma cessão. Eu cedi espaço a ela e ela se acomodou. A cama não era confortável, mas cabíamos ambos. Dormimos ao som de Transa, acordamos ao som de Blackbird. Apesar de as paredes do quarto guardarem mais outras 99 músicas dos Beatles, a única coisa que eu compartilhava com o pássaro da música do Sir Paul era a asa quebrada. Ela continua na cama enquanto eu me levanto para fazer o mesmo que no dia anterior. Privada e banho. É ruim pra caralho saber que tem alguém te vendo no seu dia a dia, ou ao menos presente e notando os seus ruídos. Mal dou brecha para minha família, quem dirá uma garota que conheci dois meses atrás. Mas Teresa é interessante. Onde andará Sabina a essa hora?

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