segunda-feira, 16 de abril de 2012

nota passageira. nota de passageiro.


Eu não tinha parâmetros para o transporte público que utilizo diariamente aqui em Gießen. Pera lá, tinha sim. Mas estes parâmetros eram muito baixos, então qualquer coisa me impressionaria. Afinal de contas, tornar costume chegar à parada 30 minutos antes do horário apontado pelo site da empresa não é um apontador de qualidade de serviço público. Além do tempo perdido, perde-se paulatinamente a paciência ao lidar com a imprevisbilidade do horário do ônibus perde-se . Ou, apropriando-me da física, o funcionamento dos ônibus em Brasília respeitam deveras o princípio da incerteza.
E isso não se resume somente aos ônibus da Rhein-Main-Verkehrsverbund. Logo ao chegar, no dia 29 de março, quando "involuntariamente" dei um calote no trem do aeroporto para Hauptbahnhof, em Frankfurt, pude notar a eficiência e pontualidade do transporte. Ainda que o vagão da Deutsche Bahn estivesse bem pichado e com algumas partes depredadas, não foi algo que impedisse o funcionamento do carro.
Um dia desses um amigo compartilhou um link para um site em que apresentava uma lista de motivos descrevendo percepções e atos involuntários de alguém que viveu bastante tempo na Alemanha. Um deles era "você fica terrivelmente incomodado com um atraso de 5 minutos do ônibus". E, sim, os ônibus são pontuais e chegam cedo nos destinos. Mesmo que a cidade tenha pouco mais que 80 mil habitantes e uma área 13 vezes maior que o Plano Piloto os ônibus da Viplan conseguem se atrasar. Com certeza arquitetura e urbanismo completamente diferentes influenciam na mobilidade urbana, mas a poucos dias de completar 52 anos Brasília ainda não tem um sistema de mobilidade urbana aceitável. Projeto que deveria ter ganhado quando ainda debutante.
Outro fator importante é a proximidade entre passageiros-motorista e passageiros-passageiros. A despeito da sinalização interna do ônibus orientar a não falar com o motorista enquanto este dirige, hoje, surpreendentemente, o motorista se manifestou. O grupo que se encaminhava para a primeira aula de Canto Coral (eu e alguns estadunidenses, australianos, japoneses e uma italiana) alguém falava alto em inglês. O motorista puxa um microfone, fala para que todos no ônibus ouçam, mas se direciona a nós: "You know, it's not good to speak in here. Even more if it's English. If you are in Germany you must Deutsh sprechen". Espanto de todos, bocas abertas em um silêncio em conformidade com o que acabara de ser dito pela autoridade, de forma que nenhum idioma explicaria melhor. "You know that I am joking, don't you?". Gargalhadas que dispensam tradução e alívio e alegria de todos.
Mas para me sentir completamente feliz com a mobilidade urbana europeia me falta uma bicicleta. Ainda alimento o sonho de sair da Alemanha pedalando rumo à Holanda. Mesmo que a mais de 200 Km de distância da cidade holandesa mais próxima. E farei isso mesmo que tenha que pegar um ônibus para Banhof, de lá um trem da Deutsche Bahn para o mais próximo da fronteira e de lá seguir de bicicleta. (:

Um comentário:

  1. hahuahuahuahuahuahuahuhua
    nunca imaginei bom humor por ai...
    ignorancia minha. Claro.

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