sábado, 14 de abril de 2012

deepness is a warm gun with which you will end up killing yourself. drowned.


Eu sei que minha cabeça só vai se abrir para as coisas que eu tenho pra pensar na hora que ela tocar o travesseiro, mas relutantemente começo esse texto sem uma ideia principal do que escrever. Assim como Bruce Lee disse na entrevista cedida a Pierre Berton em 1971 que acabei de assistir: be formless, shapeless, like water. E esse texto começa sem formato mas ainda assim pode ser fluído ou até mesmo chocar em algo. Ou em nada.
Andei pensando que relacionamentos não são como conversas de ônibus. Não se começa um relacionamento por meramente se sentir na necessidade de reagir à presença da outra pessoa. Nem muito menos pela necessidade de cumprir um papel esperado por essa outra pessoa. No entanto está no bom trato da relação interpessoal cuidar para que o outro não se machuque. E digo mais, há que se saber a diferença entre relacionamento e relação. Não se começa um relacionamento do nada, do mero “bom dia, acho que vai chover”. O que eu tenho visto bastante ao meu redor é exatamente a exceção que às vezes é regra. A necessidade (construída) de se ter alguém ao lado para assim expandir o alcance da sua zona de conforto, por vezes, impera sobre a consciência do que você precisa e o que você quer. O que tenho visto é uma horda de pessoas inseguras (como eu) mas que, ao invés de enfrentar suas inseguranças e tornar isso uma luta própria com possíveis conquistas futuras fruto do seu mérito, têm relegado ao outro a tarefa de ser o apoio nos momentos difíceis, o ombro na hora da lamúria, o ouvido para os desabafos repetitivos. Acho que se a pessoa tivesse ouvido isso no primeiro momento, logo depois do “bom dia, acho que vai chover, vou me escorar em você para que eu não ter que encarar os desafios”, ninguém começaria qualquer relação. E isso se vale para amigos, estes que serão companhia certa mesmo após dissensões só vistas em tragédias gregas. Estes, sim, são seus amigos. Não tô falando de colegas ou gente com quem a gente se acostuma. E eu ando sentindo falta disso, das amigas e dos amigos do peito. Posso ficar anos longe delas/deles que quando nos reencontrarmos vai parecer que nos vimos no dia anterior. E esse é o tipo de pessoa e relação sadia que quero ter com as pessoas que me cercam, mesmo que não seja full time. A única pessoa full time que encaro sou eu mesmo e já me dou muito trabalho. Sendo assim, não sei se tá na hora de qualquer envolvimento vazio, superficial demais para trazer qualquer significado bom para minha vida. A vida tá fluindo bem que nem um rio de água calma. Um dia vira queda d’água, mas não creio que seja agora.

2 comentários:

  1. Um bom dia segue ao outro, e depois a como vai voce? So entao, seguindo a ordem das coisas descobrimos a cor, a comida e o lugar preferido do outro. Em todo bom dia reside o nada futuro e o tudo porvir. Nao pensamos que futuros aninham cada sorriso, nem sorrimos por isso, eu acho. Caminante no hay camino, el camino se hace al andar (Machado).

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  2. Amor meu, acho que o seu texto está levemente alcoolizado. rs Ele começa com algo bastante interessante, que é o autor expondo este jogo entre o feito e o próprio método de feitura do texto, o que é muito empolgante porque adora-se (adoramos rs) alimentar o mito da inspiração única, e procurar o tempo todo aquele que escreve naquilo que está dito. Mas, bem, eu não sou crítica literária, nem isto aqui se pretendia um livro, certo? rs Ocorre que ("ocorre"!), na minha opinião, você poderia explorar isso de uma forma fantástica numa crônica germânica futura, rs, onde brincar com o ato de se posicionar perante o escrito já realizado faça o leitor se aproximar ainda mais - o que, de fato, acontece.
    Fiquei um pouco na dúvida - e aqui tento, juro, distanciar-me do fato de que te conheço como irmã - se você quis falar de fluxo de água, profundidade em relacionamentos de amor&amigos, ou coisa assim rs No fundo, vc tem o mérito corajoso de se expor. Taí você "todim" nesse texto. Imagino que, no fundo, ele seja exatamente sobre essa inconstância temática toda: um belo garoto reflexivo, vendo a pele irromper-se em maturidade noutro canto do mundo, onde ônibus funcionam e os ventos sopram com mais certeza, mas há a mesma sorte de gente tanto quanto num território tropical - cheia das vontades de se entregar ainda que diante da terrível ameaça que é este novo "outro", dos tempos "pós-modernos", que parece querer de mim apenas as conveniências, mesmo estando tão faminto quanto eu.
    Xande, viagens minhas à parte, confesso meu próprio desencanto quanto a dar bom dias, e aí ir deixando que o outro entre, e venha um boa tarde também, e um como vai, e "como você prefere seu café da manhã?" haha É desanimador, porque eu penso que estamos todos nos "acanalhando" aos poucos, apenas suprindo aquela medida de sexo e cafuné necessárias pra não se sentir tão só. Não sei se a solução está em deixar pra Deus essa tarefa, entende?, porque também é tão curta a vida. Não falo só do amor carnal (viva Belchior), mas de amar quem quer que seja. Continuo crendo no instinto, no faro, nas poucas boas pessoas que ainda estão na nossa vida. Consola pensar que, nesse mesmo instante, alguém do mundo também sente-se assim. Daí o porquê continuar exatamente na mesma toada do bem, "porque a banda podre é muito maior".
    Acho que você entendeu alguma coisa, né...rs

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