segunda-feira, 13 de novembro de 2017

verborragia intermitente

eu me sentei à mesa, diante de uma das mulheres mais bonitas que conheci. o encontro seguia em uma sequência de monólogos intercalados, porém nem um pouco monótonos. ambos alternávamos histórias sobre cada um de nós, eventualmente finalizando com um "eu estou com um pouco de sono, não me leve a mal se ficar meio quietinha" ou "falei demais sobre mim, né? não sou tão egóico, juro".
as intermitências ocorriam de uma forma leve e respeitosa, pouco semelhante com a experiência que ambos tiveram menos de 24 horas antes. e que experiência.
a escolha do local, o encontro já no dia seguinte, tudo ocorrera da forma menos arquitetada possível. e, talvez, essa espontaneidade me assustasse, fazendo-me olhar todo o transcorrer dos fatos com a maior desconfiança possível. apesar disso, não me senti pessimista ou sequer derrotista. por vezes erguia a cabeça e endireitava a coluna, sempre lembrando que mesmo em frente a uma mulher incrivelmente humilde, eu não poderia me curvar por desleixo ou abnegação. ela ainda não tinha a aura mística que toda mulher apaixonante tem e diante da qual eu me rebaixo instintivamente...
talvez isso seja um bom sinal. talvez eu esteja encarando esta mulher como ela é.
por inúmeras vezes consegui fazê-la de forma transparente e honesta. uma janela para a alma se abria e eu me sentia convidado a entrar. mas não posso fazê-lo senão pela porta principal. pouco a pouco verei estas janelas se abrirem e, quem sabe, teremos tempo para passar pela entrada a convite dela.
a ver

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