segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

conhece-te a ti mesmo

escrever para esquecer, para abandonar os pensamentos pesos pesados que ocupam cada sinapse e consomem a maior parte da energia de que disponho diariamente. hoje me senti exaurido, deprimido e angustiado depois de uma tarde inteira refletindo se deveria ou não mandar uma última mensagem a ela. aconselhado pela colega de trabalho, mandei a mensagem "indiferente"a fim de causar um desconforto do outro lado. minha intenção, no entanto, era apenas reaver um objeto que para muitos é insignificante, mas que carrega dois anos de lembranças excelentes de uma viagem ao lado dos meus pais. minha mente tem mistérios que jamais decifrarei.
por fim, o tiro saiu pela culatra. o desconforto quem encarou fui eu, o sentimento ruim veio para mim. afinal, fiz algo que supostamente pertence ao script das relações entre as pessoas, mas que, para mim, não faz o menor sentido, já que é um gesto vazio de sentido e verdade. obviamente eu iria sofrer ao final.
fui ignorado, como merecido, e agora fico na incerteza de ter de volta o que queria.

passado o expediente, abandonei o trabalho com os olhos marejados e o pulmão quente e ácido, um velho sentimento de dor que antecede as lágrimas. questionava-me se, de fato, havia algum sentido nas minhas atitudes ou nas escolhas que venho fazendo. ao que me deparo, no mezanino do prédio uma criança brinca inconsequentemente frente a um parapeito distante pelo menos 4 metros do chão. no menor gesto sinalizando a iminência da queda eu senti todos os músculos do meu corpo se prepararem para disparar na direção do local onde aquela criança poderia cair. por fim, ela não despencou. mas soltou em minhas mãos uma lição importante para as minhas elucubrações: talvez eu não despreze a vida tanto assim. num gesto instintivo eu zelei pela vida de um menino que eu nem conheço. talvez eu tenha permitido, por tempo demais, que minha mente opere mecanismos de auto-flagelação, auto-depreciação e, assim, despreze, na verdade, a minha própria vida. ainda sou um ser humano normal, mas perdi o controle dos meus pensamentos. ocupo-me com o trabalho e com o que acredito serem minhas amizades, mas ainda me sinto vazio. é um sentimento desgraçado de ser sentido às vésperas do natal.

decidi-me por passar o reveillón no templo budista pela terceira vez em 4 anos. desta, não vou convidar qualquer amigo, apesar de sentir que vou acabar encontrando alguém na cerimônia. preciso meditar, concentrar-me em mim mesmo. ensimesmar-me. não de forma introspectiva e auto-destrutiva, senão de forma a conhecer-me na essência e valorizar isto que eu tenho antes de abandonar este plano. a vida é muito curta e tudo passa muito rapidamente. live and let die.

preciso aprender a gostar de mim antes de tudo. antes de qualquer outra pessoa ou nova paixão. eu preciso aprender a gostar de mim.

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